MEC divulga as habilidades que serão avaliadas no novo Enem

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O MEC (Ministério da Educação) divulgou nesta quinta-feira (14) a matriz de habilidades do novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O documento, que é um guia para orientar a elaboração dos itens da prova, foi aprovado durante esta manhã pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e na nesta quarta (13), pelos reitores das universidades federais.


A matriz está organizada nas quatro áreas que comporão o exame: linguagem, ciências da natureza, ciências humanas e matemática. Assim, a nova prova do Enem, que será aplicada em outubro, cobrará os mesmos conteúdos pedidos pelos atuais vestibulares, mas o formato da prova será diferente.

Agora, os estudantes terão de usar mais a capacidade de raciocínio e compreensão do que de memorização. A expectativa é de que a nova concepção do Enem ajude a reestruturar o currículo do ensino médio.

Prova obrigatória em 2010

O MEC e o Consed informaram que o novo Enem deverá ser obrigatório a partir de 2010 para os alunos da rede pública.

Para implementar a universalização do novo Enem será necessário um estudo de logística para garantir o acesso dos alunos aos locais de prova em todo o território nacional.

Segundo o ministro, ao contrário da Prova Brasil - que também será realizada este ano -, o novo Enem não pode ser aplicado em sala de aula. "Mais do que a aferição do conhecimento do aluno, a prova pode representar o acesso dele à universidade, o que exige cuidados maiores com a segurança", explicou.

O Consed entende que o novo formato da prova vai permitir a reestruturação do ensino médio e que, com isso, o currículo dessa etapa do ensino passará a orientar os processos seletivos de acesso à educação superior, não o contrário, como ocorre hoje.

Para Maria Auxiliadora, o novo formato do exame provoca debates nos Estados e a aproximação entre os secretários de educação e reitores.

Enem duas vezes ao ano

De acordo com o ministro, o comitê de governança estuda a aplicação do novo Enem duas vezes ao ano, medida que já era prevista quando foi lançado o formato para 2009.

"Pelo calendário das universidades, nós não teremos como fazer antes de março nem depois de abril, então há de ser provavelmente num desses dois meses", disse Haddad.

"Simulado"

O ministro confirmou a elaboração de um modelo de prova do novo Enem, que será divulgado antes da data do exame (dias 3 e 4 de outubro). Segundo Haddad, serão questões que exemplificam as habilidades e competências exigidas. O número de perguntas disponibilizadas não está definido. Mas não serão "necessariamente 200 como na prova", disse Haddad.

Todas as questões do Enem devem atender a dois pressupostos. Em primeiro lugar, devem respeitar a matriz de habilidades, definida pelo comitê de governança e, depois, têm de passar no pré-teste, demonstrando que sua dificuldade consegue ser reproduzida nos anos seguintes.

Para compor uma prova de 200 questões, como será o novo Enem, Haddad estima que serão necessários centenas - ou mesmo milhares - de itens pré-testados.

Esses itens vão permitir ao Inep elaborar nos anos seguintes questões que possibilitem acompanhar a evolução do nível do ensino médio, como se faz atualmente com a Prova Brasil.

Fonte

Saiba tudo sobre o Prouni

O Prouni (Programa Universidade para Todos) é uma das principais ações do governo federal na área da educação.

O programa é gerido pelo Ministério da Educação (MEC) em duas pontas: os estudantes e as instituições de ensino superior (IES). Os links abaixo dão acesso às informações oficiais do Prouni.

O que o estudante deve saber
O que o bolsista deve saber
O que é a bolsa permanência
Legislação completa
Estatísticas


Todas as informações contidas nas páginas relacionadas acima são de responsabilidade do MEC.

MEC e Receita Federal assinam acordo para criar "malha fina" do Prouni

Os ministros Fernando Haddad (Educação) e Guido Mantega (Fazenda) assinaram, nesta terça (12), um acordo de cooperação entre o MEC e a Receita Federal para criar a "malha fina" do Prouni.

Segundo o documento, os dois ministérios vão trocar informações das instituições de ensino superior e dos estudantes participantes do Prouni, visando o "aperfeiçoamento dos mecanismos de supervisão do Prouni (Programa Universidade para Todos), o intercâmbio de informações e o fortalecimento do PNEF (Programa Nacional de Educação Fiscal)".

A troca de informações propriamente dita só será realizada após a Sesu (Secretaria de Educação Superior, do MEC) e a Receita Federal definirem os detalhes da operacionalização do sistema.

O acordo terá vigência de três anos, podendo ser prorrogado.

Irregularidades no Prouni

Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 23 de abril, apontou irregularidades envolvendo quase 31 mil bolsistas, ou 8% do total de beneficiados. As irregularidades incluem casos de bolsistas que são donos de carros de luxo.

No mesmo dia, o ministro Fernando Haddad afirmou que acionaria a Receita Federal para fiscalizar as instituições e os bolsistas. "Nós entendemos a preocupação do TCU em criar procedimentos que permitam uma fiscalização mais eficiente do programa. E, como a Receita Federal tem uma malha fina, o ProuUni também terá de ter sua malha fina", afirmou o ministro.

O que é o Prouni

O Prouni é um programa do governo federal que oferece bolsas universitárias. Tem direito a concorrer ao benefício quem fez todo o ensino médio em escola pública, prestou o Enem 2008 e teve, no mínimo, média 45.

Para o primeiro semestre de 2009 foram oferecidas 156.416 bolsas, sendo 95.694 integrais e 60.722 parciais (50% da mensalidade).

As bolsas integrais são para estudantes com renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio; as parciais, para quem tem renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos.

Fonte

Enem será obrigatório para estudantes da rede pública a partir de 2010

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) passará a ser obrigatório a todos os alunos do ensino médio público a partir de 2010. A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (14), em reunião do MEC (Ministério da Educação) com o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). De acordo com o MEC, a prova poderá servir para certificar os cursos.

A proposta de estender o exame a todos os estudantes foi debatida e será levada aos secretários de Educação dos Estados.

Para implementar a universalização do novo Enem será necessário um estudo de logística para garantir o acesso dos alunos aos locais de prova em todo o território nacional.

Segundo o ministro, ao contrário da Prova Brasil - que também será realizada este ano -, o novo Enem não pode ser aplicado em sala de aula. "Mais do que a aferição do conhecimento do aluno, a prova pode representar o acesso dele à universidade, o que exige cuidados maiores com a segurança", explicou.

O Consed entende que o novo formato da prova vai permitir a reestruturação do ensino médio e que, com isso, o currículo dessa etapa do ensino passará a orientar os processos seletivos de acesso à educação superior, não o contrário, como ocorre hoje.

Para Maria Auxiliadora, o novo formato do exame provoca debates nos Estados e a aproximação entre os secretários de educação e reitores.

Matriz curricular

A matriz de referência para as questões que farão parte do novo Enem foi aprovada por unanimidade nesta quarta-feira (13). O princípio fundamental é que não serão cobrados detalhes muito específicos ou fórmulas. "É inadmissível cobrar uma data na prova. O que interessa saber é se o aluno consegue compreender o que se passa na história", disse o ministro da Educação Fernando Haddad.

"Se o aluno sabe do que se trata, mas esqueceu a fórmula, vai conseguir, por outros meios, chegar às respostas certas, porque compreende o fenômeno em questão", disse.

As habilidades da prova serão divulgadas na tarde desta quinta-feira (14). O conteúdo da prova é o mesmo do ensinado no ensino médio. No entanto, no exame deste ano, não será cobrada língua estrangeira. A partir de 2010, o Enem terá questões de inglês ou espanhol. Segundo Haddad, é preciso ter cuidado para que as provas de idiomas tenham o mesmo nível, evitando, assim, "injustiças" no processo.

Enem duas vezes ao ano

De acordo com o ministro, o comitê de governança estuda a aplicação do novo Enem duas vezes ao ano, medida que já era prevista quando foi lançado o formato para 2009.

"Pelo calendário das universidades, nós não teremos como fazer antes de março nem depois de abril, então há de ser provavelmente num desses dois meses", disse Haddad.

"Simulado"

O ministro confirmou a elaboração de um modelo de prova do novo Enem, que será divulgado antes da data do exame (dias 3 e 4 de outubro). Segundo Haddad, serão questões que exemplificam as habilidades e competências exigidas. O número de perguntas disponibilizadas não está definido. Mas não serão "necessariamente 200 como na prova", disse Haddad.

Todas as questões do Enem devem atender a dois pressupostos. Em primeiro lugar, devem respeitar a matriz de habilidades, definida pelo comitê de governança e, depois, têm de passar no pré-teste, demonstrando que sua dificuldade consegue ser reproduzida nos anos seguintes.

Para compor uma prova de 200 questões, como será o novo Enem, Haddad estima que serão necessários centenas - ou mesmo milhares - de itens pré-testados.

Esses itens vão permitir ao Inep elaborar nos anos seguintes questões que possibilitem acompanhar a evolução do nível do ensino médio, como se faz atualmente com a Prova Brasil.

Fonte

Reservas de petróleo em águas profundas

terça-feira, 12 de maio de 2009

A Petrobrás iniciou no último dia 1º de maio, Dia do Trabalho, a exploração de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos, que abriga as maiores jazidas na camada pré-sal. O empreendimento vai colocar o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais e o tornará uma das grandes potências energéticas, comparável ao Oriente Médio.

A descoberta, anunciada em 2007, é vista pelo governo como a salvação para os problemas econômicos do país. Porém, as dificuldades para extração do minério - situado a uma profundidade que a companhia jamais atingiu - e a falta de estratégias mais bem definidas para a exploração, representam barreiras a serem superadas para que o sonho se torne realidade.

É como se tivéssemos nas mãos um bilhete premiado de loteria. Se não soubermos como administrar a riqueza, ele se evapora de nossas mãos.

Riquezas

Pouco se sabe ainda sobre as reservas localizadas em águas ultraprofundas do litoral brasileiro. Por isso, a companhia começou fazendo o chamado TLD (Teste de Longa Duração). Ele consiste no levantamento de informações para definir a quantidade de petróleo existente e qual o melhor modelo de exploração. Esta etapa levará 1 ano e 3 meses para ser concluída.

Ao todo, os campos de pré-sal possuem 800 km de extensão e 200 km de largura, indo desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo. Segundo a Petrobrás, Tupi, que possui a maior reserva, deve ter entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo. O volume corresponde a quase metade das reservas brasileiras, de14 bilhões de barris.

A plataforma na Bacia de Santos tem capacidade de produzir 14 mil barris de petróleo por dia e, no próximo ano, atingir 100 mil barris/dia, de acordo com a empresa. Para 2017, estima-se que o número chegue a 1 milhão, que é quando finalmente dará o retorno financeiro. A empresa anunciou investimentos de US$ 28,9 bilhões (R$ 62 bi) até 2013.

Tecnologia

Mas para chegar até as jazidas não será nada fácil. Será preciso descer a uma profundidade de 2 km, perfurar 1 km de rocha e mais 2 km de espessura de sal e 2 km de solo, totalizando 7 km desde a superfície.

E, além disso, serão necessários dutos para transportar o petróleo, localizado a uma distância de 340 km da costa litorânea. Para se ter uma ideia, a distância é três vezes maior que a que separa as plataformas da Bacia de Campos do litoral carioca.

O país possui tecnologia, o problema são os custos elevados. O desafio é conseguir refinar o produto e, ao mesmo tempo, garantir um valor competitivo com o mercado. Este custo de exploração envolve não somente a tecnologia de extração como também a logística para o transporte. Se o processo todo ficar muito caro, o produto também ficará caro e ninguém vai querer comprar.

O risco em jogo é saber exatamente se o volume de petróleo existente na camada pré-sal vai compensar o investimento, e quanto vai custar o barril do petróleo daqui a 10 anos, quando serão colhidos os frutos.

O valor do barril varia conforme a demanda e a oferta, mas fatores como a crise econômica mundial e os conflitos no Oriente Médio também influenciam no preço. Hoje, ele é negociado a US$ 53 (R$ 113). Para a empresa, o ideal será chegar a US$ 40 (R$ 85).

Investimento

Atualmente, o Brasil exporta petróleo do tipo pesado, que tem valor mais baixo no mercado, e importa o tipo leve, mais caro. Isso provoca um déficit nas receitas: em 2008, o país exportou 158,1 milhões de barris (ganho de US$ 13,6 bilhões [R$ 29,2 bi]) e importou 147,9 milhões de barris (gasto de US$ 16,3 bilhões [R$ 35 bi]), de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

As reservas da camada pré-sal são, principalmente, de hidrocarbonetos leves (óleo e gás), o que vai reduzir as importações do produto e aumentar os ganhos com a exportação. É por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no último dia 4 de maio, que o Brasil vai conquistar sua "segunda independência": a primeira, de 1822, foi política, enquanto essa será econômica.

Política

Além das questões financeiras envolvidas, existe uma decisão a ser adotada com urgência, que diz respeito à definição de um novo marco regulatório. Ele é importante porque vai dizer como investir e administrar o "prêmio" da loteria da natureza. A nova regulamentação vai dizer quem vai poder explorar os campos, quais serão os ganhos dos governos (Federal e Estadual) e para que áreas os recursos serão destinados (educação, por exemplo). Enfim, como será a partilha do bolo.

A decisão é fundamental porque um planejamento mal feito pode transformar o sonho num pesadelo. Um exemplo é o que os economistas chamam de "doença holandesa", que é quando a exploração de riquezas naturais afeta outros setores da indústria.

O conceito surgiu nos anos de 1970. Na época, a descoberta de uma fonte de gás natural na Holanda aumentou as receitas com exportação e valorizou a moeda nacional. Com isso, outros produtos perderam competitividade no mercado internacional e as indústrias quebraram.

Nações ricas em petróleo, como países da África e Oriente Médio, tem um histórico de mazelas sociais, guerras e instabilidade política. O bilhete de loteria também pode se tornar uma maldição. Por isso, tão importante quanto extrair da riqueza é saber o que fazer com ela para manter o crescimento a longo prazo.

Fonte

Mundo enfrenta risco de uma nova pandemia

A gripe suína, que já matou sete pessoas no México (de um total de 152 mortes suspeitas), uma nos Estados Unidos e pode ter infectado quase 2 mil em mais 11 países, deixou em alerta as autoridades para os riscos de uma nova pandemia. No Brasil, 20 pessoas com sintomas e que estiveram nos países com casos confirmados da doença estão sendo monitoradas.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), que monitora em todo mundo o vírus influenza, causador da gripe, deve elevar o alerta que hoje é nível 4 (numa escala que vai até 6), o que significa que a pandemia é iminente.

Pandemia

Pandemia ocorre quando há uma contaminação global por uma doença. No caso de uma gripe, acontece quando surge um novo tipo de vírus, frente ao qual o homem não possui defesas imunológicas e nem existem vacinas específicas para combater a doença. Por esse motivo, pode causar milhares de mortes.

As pandemias de gripe são provocadas por uma mutação aleatória de vírus existentes nos organismos de animais selvagens ou domesticados, que passam também a infectar seres humanos. No organismo humano, o vírus sofre nova mutação, o que o torna letal.

No caso de uma gripe comum, a receita mais famosa é "vitamina C e cama", ou seja, é preciso repousar e fortalecer as defesas do organismo para que ele dê conta do "invasor" (com exceção dos idosos, recém-nascidos e portadores de doenças que enfraquecem o sistema imunológico).

Já com a gripe suína, cujo vírus é uma combinação de genes de porcos, aves e humanos, o corpo não tem defesas, pelo fato de desconhecer o "inimigo".

Como esse tipo de gripe se transmite de pessoa para pessoa, do mesmo modo de uma gripe comum (pelo contato com secreções de pacientes infectados), e o tempo de incubação é curto, a doença se espalha rapidamente.

Gripe espanhola

Embora ocorram com certa regularidade na história, os cientistas só passaram a conhecer melhor as pandemias de gripe a partir das três registradas no século 20, em 1918, 1957 e 1968.

Essas gripes, apesar dos sintomas parecidos, não devem ser confundidas com aquelas que pegamos no inverno, conhecidas como sazonais. O vírus influenza é classificado em três tipos: A, B e C. A gripe comum é de tipo C, e as de tipo A são as mais perigosas, que provocam pandemias.

Existem quatro subtipos de influenza A conhecidos que provocam contágio entre humanos e estão em constante mutação: H1NI, H1N2, H3N2 e H7N2.

Não faz parte desse grupo, por exemplo, a chamada gripe aviária (H5N1), que contamina aves domésticas (frangos, patos, galinhas), cujo contágio se dá apenas com o contato com secreções do animal infectado e não entre pessoas, como a suína. Mesmo assim, desde 2003 matou 257 de 421 pessoas infectadas (61%), segundo a OMS.

A gripe suína atual é uma nova cepa (grupo de organismos dentro de uma espécie) do tipo H1N1. Esse vírus, bem como todos os demais subtipos A, são descendentes da pior de todas as pandemias registradas: a "gripe espanhola", que entre 1918 e 1919 matou 50 milhões de pessoas no mundo e contaminou um terço da população mundial (500 milhões), que era um quarto da atual.

Na época não havia nem antigripais nem antibióticos, o que contribuiu para o grande número de mortos. Em comparação, a pandemia de 1957-1958 deixou entre 1 e 2 milhões de mortos e a última, entre 1968-1969, considerada leve, 700 mil.

Ainda hoje, os cientistas sabem pouco sobre a "mãe" das pandemias. Somente em 1930 foi isolado o primeiro vírus da "gripe espanhola", justamente a suína (H1N1). A "gripe asiática" de 1957 é do tipo H1N2, descendente da suína.

Economia

O que vai determinar se a nova cepa de gripe suína vai se tornar a próxima pandemia, segundo especialistas, é: a) o quão adaptado (e mortal) o vírus pode se tornar no organismo humano e b) se continuar acontecendo a transmissão de pessoa para pessoa.

As pandemias passam por ondas que podem durar de seis a oito semanas. Na "gripe espanhola", por exemplo, a primeira onda foi mais branda e a segunda, mais letal. Pelo comportamento da epidemia atual, cujos casos fatais se restringem ao México e um bebê morto nos Estados Unidos, espera-se que a nova pandemia, caso se confirme, será considerada leve, isto é, com baixa mortalidade.

Além do risco de mortes, a doença também traz prejuízos à economia, o que pode vir a agravar ainda mais a crise econômica global.

No México, onde as primeiras mortes foram confirmadas em 24 de abril, escolas e comércio foram fechados e todos os eventos públicos cancelados, na tentativa de conter o avanço da doença.

Outros países emitiram alertas contra viagens com destino a países afetados pela gripe, como no caso do Brasil, ou adotaram medidas restritivas, como nos casos da Argentina e Cuba, afetando o turismo internacional.

A indústria de produtos suínos também contabiliza perdas, apesar do Ministério da Saúde ter descartado qualquer possibilidade de contaminação pelo consumo de carne (cujo cozimento mata qualquer tipo de vírus) ou de produtos que contenham carne suína. Em outras palavras, não se pega a doença comendo feijoada, torresmo ou cachorro-quente.

O que fazer

Os antivirais Tamiflu e Relenza são eficazes quando administrados em até 48 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas e previnem no caso de pessoas mais expostas ao risco de contágio. Mas o uso indiscriminado pode causar efeito contrário, fortalecendo o vírus.

Não se sabe ao certo se vacinas existentes terão algum efeito, em razão das mutações do vírus, nem sobre possíveis efeitos colaterais. Uma vacina específica contra a gripe suína levará meses para ser feita, conforme informou o governo norte-americano.

Como prevenção, autoridades sanitárias recomendam lavar as mãos - para evitar contato indireto com a doença -, além do uso de máscaras em regiões mais afetadas pela gripe.

O Brasil possui um Plano de Contingência (Plano de Preparação Brasileiro para o Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza) que prevê estoque de antivirais, produção de vacina, controle de fronteiras e reforço de redes assistenciais. Entretanto, diante das condições precárias de boa parte dos serviços públicos de saúde, é duvidoso que tenha capacidade de atender uma demanda urgente.

Fonte

Cúpula das Américas e o fim do boicote à ilha

O embargo comercial à Cuba de Fidel Castro e Raúl Castro já dura quase meio século. Símbolo da Guerra Fria, o bloqueio perdeu a razão de existir com o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), mas sua suspensão não será tão simples assim. Contudo, os primeiros passos foram dados com a recente eleição de Barack Obama.

Durante a campanha, Obama prometeu uma política de reaproximação e, no último dia 13 de abril, anunciou o fim das restrições de viagens e a remessa de dinheiro (antes, as viagens eram limitadas a apenas uma ao ano e os depósitos, a US$ 1,2 mil anual por pessoa [R$ 2,6 mil]). As medidas beneficiam 1,5 milhão de exilados que possuem familiares na ilha.

Cúpula das Américas e Revolução cubana

O assunto, entretanto, foi uma das principais causas de divergência na 5ª Cúpula das Américas, encerrada no último dia 19 de abril em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago. O encontro reuniu 34 países americanos, com exceção de Cuba.

As nações participantes da reunião reivindicavam, além do fim do boicote, a reinclusão de Cuba na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Quais são as dificuldades para vencer esse desafio? Que fatos motivaram o fim das relações entre Washington e Havana, que permanece por quase 50 anos, e faz vigorar um verdadeiro entulho do século 20?

Antes de Fidel Castro, Che Guevara e o Exército Rebelde entrarem vitoriosos na capital cubana, o país era uma espécie de "Las Vegas caribenha". Máfias americanas exploravam cassinos, bordéis e o turismo local. O país era governado há 25 anos pelo ditador Fulgencio Batista, aliado dos Estados Unidos.

A Revolução Cubana fez da ilha a mais antiga experiência de regime socialista no mundo, a despeito da queda da URSS e da abertura da China. O que pouca gente sabe é que, após assumir o poder em 1º de janeiro de 1959, Fidel defendeu a democratização, incluindo eleições gerais em Cuba.

Meses depois, com a nacionalização de refinarias de petróleo americanas e o alinhamento ao bloco soviético, Cuba declarou-se comunista. A partir de então, o país começou a sofrer retaliações econômicas dos Estados Unidos, até o decreto do embargo total anunciado em 7 de fevereiro de 1962, logo após o rompimento das relações diplomáticas entre as duas nações.

Na prática, o embargo suspendeu todas as importações e exportações entre os países, provocando dois efeitos sobre Havana: um econômico, comprometendo o crescimento da ilha, que importa 80% de tudo que consome; e outro ideológico, pois garantiu ao comandante Fidel um inimigo que pudesse culpar pelas mazelas do país.

Celulares

Mesmo com todas essas dificuldades, Cuba, com 11,4 milhões de habitantes, ocupa a 51ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas), que mede o grau de desenvolvimento dos países. Em comparação, o Brasil está em 72º lugar.

Os cubanos também são conhecidos pela qualidade de primeiro mundo nas áreas de saúde e educação (a taxa de analfabetismo é quase zero). Por outro lado, sofrem perseguição política, faltam direitos civis e liberdade de imprensa (até a internet é censurada).

Com o colapso na antiga União Soviética, que subsidiava o regime castrista, o país entrou em recessão no começo dos anos de 1990, adotando medidas de racionamento e reformas econômicas. Doente, Fidel se afastou do poder em 2006, até que em fevereiro de 2008, após 49 anos no cargo, entregou a presidência ao irmão, Raúl Castro.

Uma das ações do novo presidente foi permitir aos cubanos a compra de computadores e celulares, apesar dos preços serem proibitivos para a maior parte da população.

Direitos humanos

A retomada da diplomacia entre Estados Unidos e Cuba encontra resistência de ambos os lados, fruto de ressentimentos de décadas.

As hostilidades entre as nações foram além do embargo, a ponto de, durante os anos de 1960, a CIA promover várias tentativas de assassinar o líder cubano.

A situação piorou na administração de George W. Bush, mas atualmente Obama tem interesses políticos em estreitar as relações com a América Latina. Também existem empresas multinacionais que querem o término do embargo para estabelecer contatos comerciais com Cuba.

Para que isso ocorra, é preciso aprovação do Congresso americano, uma vez que o embargo foi transformado em lei nos anos de 1990.

Além disso, a Casa Branca quer, como contrapartida nas negociações, que Cuba apresente avanços concretos na questão dos direitos humanos, abertura à imprensa e democracia.

A violação dos direitos humanos é um dos maiores estigmas do governo de Fidel. Estimam-se entre 15 mil e 18 mil as execuções ocorridas desde a revolução. O número de presos políticos, até 2008, era de 205 (29 a menos que no ano anterior), segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.

A respeito disso, é preciso lembrar que a história recente dos Estados Unidos é repleta de atos de violação à privacidade dos cidadãos, prisões ilegais e tortura de suspeitos de terrorismo, inclusive na base militar de Guantánamo, localizada em território cubano.

Miami

Outro elemento importante no debate é comunidade de exilados cubanos em Miami, uma espécie de "segunda Cuba". Eles formam uma importante parcela do eleitorado da Flórida (decisiva para a eleição de Bush em 2000), radicalmente anticastrista, que o governo norte-americano evita contrariar.

Uma consulta popular divulgada recentemente pelo jornal Miami Herald revelou que 64% dos cubanos que vivem na Flórida apoiam as iniciativas do presidente dos Estados Unidos para melhorar as relações com Cuba, enquanto 27% são contrários. Isso revela uma mudança da posição da comunidade, mais favorável ao diálogo.

Já em Cuba, a preocupação é com possíveis mudanças culturais, provocadas em parte pelo fluxo de conterrâneos de Miami, que vivem uma realidade de consumo distante da população da ilha. E, mais do que isso, temem-se profundas transformações políticas.

A era pós-Fidel e a era Obama, no entanto, são promissoras no sentido de mudar os rumos da história de Cuba.

Fonte

CEFET- MG Abertas as inscrições para os processos seletivos do 2º semestre de 2009

Foram abertas, na segunda-feira, 4 de maio, as inscrições para os processos seletivos dos cursos técnicos e superiores para o 2º semestre de 2009. As inscrições vão até às 22 horas do dia 25 de maio, pela internet, no link http://incef.copeve.cefetmg.br/incef/. Para os cursos superiores, o valor da inscrição será R$80,00, e para os cursos técnicos, R$40,00.

O CEFET-MG divulgou os editais com as regras dos processos seletivos, que serão constituídos pelos cursos de educação profissional técnica de nível médio, modalidade concomitância externa, e de graduação.

A modalidade concomitância externa, que será oferecida apenas para o Campus I neste semestre, disponibiliza 122 vagas, distribuídas entre os cursos de Eletrônica, Eletrotécnica, Estradas, Química e Transporte e Turismo.

O ensino de graduação em Belo Horizonte totaliza 276 vagas para os cursos de Administração, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção Civil, Engenharia da Computação e Química Tecnológica. O curso de Engenharia de Controle e Automação do Campus de Leopoldina oferece 30 vagas.

Isentos

A Copeve divulgou a lista dos contemplados com a isenção da taxa de inscrição para o processo seletivo do 2º semestre de 2009, tanto para o ensino técnico quanto para o ensino superior. Todos os candidatos que conseguiram a isenção deverão fazer a inscrição normalmente pelo sítio www.copeve.cefetmg.br, mas não é necessário efetuar o pagamento da taxa nem imprimir o boleto.

Veja mais em http://copeve.cefetmg.br/noticias/2009/05/noticia0001.html



Custou para mim ou para eu acreditar?

Apesar de o Word corrigir a frase "Custou para mim acreditar nela" para "Custou para eu acreditar nela", o uso de mim está adequado ao padrão culto da língua. O pronome eu exerce a função sintática de sujeito. Para se descobrir qual o sujeito de um verbo, basta ao aluno perguntar a ele: "Que(m) é que .......?" Por exemplo:

  • Eu fiz o trabalho ontem.
    Pergunta: Quem é que fez o trabalho ontem?
    Resposta: eu = sujeito do verbo fazer.


  • Façamos o mesmo exemplo com a frase apresentada:

  • Basta para mim ter Teté ao meu lado.
    Há dois verbos: bastar e ter. Analisemos o verbo bastar:
    Pergunta: Que é que basta?
    Resposta: ter Teté ao meu lado = sujeito do verbo bastar.


  • Observe que o sujeito do verbo bastar é uma oração, pois onde houver verbo haverá uma oração. O sujeito representado por uma oração se chama oração subordinada substantiva subjetiva (OSSS).

    Num período, há a chamada ordem direta, que é a colocação do sujeito no início da oração, com o verbo logo após ele. Se a frase apresentada for escrita em ordem direta, ou seja, se a oração subordinada substantiva subjetiva iniciar o período, haverá a seguinte frase: "Ter Teté ao meu lado basta para mim". Percebeu como o adequado é usar mim mesmo?

  • Para mim basta ter Teté ao meu lado.
  • Ter Teté ao meu lado basta para mim.
  • Para mim, ter Teté ao meu lado basta. [a vírgula é optativa]
  • Basta para mim ter Teté ao meu lado.


  • Sempre que houver bastar, custar, faltar ou restar e, no mesmo período, houver outro verbo no infinitivo, este não poderá ser flexionado, ou seja, sempre ficará invariável. Veja alguns exemplos:

  • Basta para os alunos estudar todos os dias.
  • Basta para eles estudar todos os dias.
  • Basta para nós estudar todos os dias.


  • Isso ocorre porque os alunos, eles e nós não exercem a função de sujeito de estudar, e sim a de complemento do verbo bastar (objeto indireto).

    A frase apresentada, portanto, deve ser assim corrigida:

    Fonte

    Como uma vírgula acabou com um namoro no dia dos namorados

    Conta-se que, em Palmeirinha do Vale, cidade de dezessete mil viventes, que se situa perto de Santana do Arrebol do Oeste, havia uma professora de português, extremamente rígida, de nome Austeresa de Jesus. Ela era de tal modo rigorosa para com os alunos que estes temiam encontrá-la mesmo no dia-a-dia, na praça central, na mercearia, na farmácia.

    Dizem que ela interpelava seus pequenos educandos, estivessem onde estivessem, sobre as mais variadas regras gramaticais. Ai de quem não soubesse a resposta: ela sacava seu caderninho rosa, anotava o nome da vítima, a pergunta que lhe fizera, a resposta dada --ou a falta dela-- e o quanto valia relativamente à nota escolar.

    Dependendo do grau de dificuldade da pergunta, ela diminuía 0,1, 0,2 ou 0,5 da nota que o aluno tirasse na prova seguinte. Era um suplício para as pobres crianças palmeirinhenses.

    Quando Austeresa era jovem, enamorou-se de um rapaz bem-apessoado, também professor de português, de nome Telos Alonso. Ele, porém, não tinha a mesma capacidade intelectiva dela nem a mesma habilidade em sala de aula nem a mesma rigidez. Era um moleirão a bem dizer, que nem gostava muito de estudos aprofundados. As maldizentes até comentavam que ele não era homem para uma mulher como Austezinha, como a chamavam carinhosamente.

    O namoro entre eles durou exatamente onze meses e vinte e sete dias. O estopim para o término do relacionamento foi um cartão que ele lhe mandara no dia dos namorados em que escrevera "Para a minha namorada Austereza de Jesus". Ao ler esses dizeres, quase teve uma síncope; chegou a perder o juízo. Pegou de uma caneta e imediatamente escreveu-lhe uma pequena carta, em que dizia:

    "Telos Alonso, é de conhecimento geral em Palmeirinha que tolero os maiores sofrimentos, que suporto as maiores provações. É, no entanto, também comentário corrente que há duas situações que jamais enfrentarei: traição e erro gramatical. E você, meu ex-amado, acabou de cometer ambos: você, professor de português, sabe muito bem que os nomes próprios femininos formados pela posposição do sufixo -esa ao radical se escrevem com S, não com Z.

    Como meu namorado há quase um ano ainda erra meu nome, trocando letras? Não me importo tanto pelo erro de meu nome, mas importo-me --e muito-- com o trocar letras. Poderia ter-me chamado de Austerise; não me atenazaria tanto, pois teria usado as letras adequadas: nomes femininos terminados em -ise se escrevem com S, como Denise e Anelise; mas ignorar que se escrevem com -ês e -esa nomes de pessoas, como Inês, Teresa e o meu, logicamente, Austeresa, adjetivos pátrios, como português e portuguesa, e títulos sociais ou nobiliárquicos, como camponês e camponesa, marquês e marquesa e ainda princesa, a maneira como me tratava, é demais para mim.

    Fico agora a pensar: cada vez que me chamava de princesa, sua mente produzia princeza? Não. É demais para mim. Não suporto tal provação. E a traição? Como a descobri? Você mesmo se delatou: '...minha namorada Austereza'. Assim escreveu você; sem vírgula. Assim escolheu me mostrar que tem outra namorada. Não teve coragem de me contar pessoalmente, contou-me por subterfúgio, e eu entendi.

    Ao não colocar vírgula entre meu nome e o substantivo que ele especifica, mostrou-me que não sou a única. Se o fosse, ter-me-ia escrito '...minha namorada, Austeresa', com vírgula. Muito perspicaz foi você, dar-me a conhecer uma situação por meios gramaticais: substantivo próprio que especifica substantivo comum, sem vírgula entre eles, restringe, ou seja, há mais de um: 'Professora Austeresa', sem vírgula, pois não sou a única professora, há muitas; mas substantivo próprio que especifica substantivo comum, com vírgula entre eles, explica, ou seja, só há um: '...minha namorada, Austeresa', com vírgula; eu seria a única, mas não o sou; sei-o agora.

    Aliás, nem me importo mais com o namoro. Mesmo não havendo a traição, não quero mais tê-lo como namorado, pois dois erros de português em uma única frase cometidos por um 'professor de português' é demais para mim. Adeus."

    Nota do autor: Isto nem Austeresa atinou: o substantivo telo, na cidade de Beira, em Moçambique, é usado como sinônimo de jumento; e alonso, em uso informal, significa parvo, tolo, pateta.

    Fonte

    Ortografia: quando usar "ç"

    Ortografia, cujo significado é escrever direito, é um dos assuntos mais temidos pelos jovens estudantes em virtude do número de regras existentes. É-lhes difícil memorizar a todas, pois não lêem muito nem escrevem sistematicamente, dois dos principais segredos para aprender a escrever as palavras adequadamente.

    Quem tem o hábito de realizar boas leituras e de escrever ao menos um texto por semana, aprende com mais facilidade a arte de escrever corretamente, se aliar a isso consultas constantes a dicionários de boa qualidade.

    A intenção, no texto de hoje e em outros das próximas semanas, é apresentar algumas dicas que ajudam a memorizar regras de ortografia. Isso será realizado por meio de frases com palavras em que conste a mesma letra. Vamos à primeira:

  • "Uma das intenções da casa de detenção é levar os que cometeram graves infrações a alcançar a introspecção, por intermédio da reeducação."


  • Nessa frase, há seis palavras escritas com Ç: intenções, detenção, infrações, alcançar, introspecção e reeducação. As regras quanto ao uso do Ç são as seguintes:

    1- Usa-se Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em -TO, -TOR e -TIVO. Por exemplo:
    Canto - canção
    Ereto - ereção
    Conjunto - conjunção
    Infrator - infração
    Setor - seção
    Condutor - condução
    Relativo - relação
    Intuitivo - intuição
    Ativo - ação
    Três palavras da frase apresentada obedecem a essa regra:
    Intento - intenção
    Infrator - infração
    Introspectivo - introspecção

    2- Usa-se Ç em substantivos terminados em -TENÇÃO derivados de verbos terminados em -TER:
    Conter - contenção
    Manter - manutenção
    Reter - retenção
    Deter - detenção

    3- Usa-se Ç em verbos terminados em -ÇAR cujo substantivo equivalente seja terminado em -CE ou em -ÇO:
    Lance - lançar
    Desenlace - desenlaçar
    Abraço - abraçar
    Endereço - endereçar
    Almoço - almoçar
    Uma palavra da frase apresentada obedece a essa regra:
    Alcance - alcançar

    4- Usa-se Ç em substantivos terminados em -ÇÃO derivados de verbos de que se retirou a letra R:
    Exportar - exportação
    Abdicar - abdicação
    Abreviar - abreviação
    Uma palavra da frase apresentada obedece a essa regra:
    Educar - educação.

    O estudo da ortografia exige atenção de quem escreve. É necessário realizar as analogias entre palavras. Ao escrever um vocábulo, ter a ciência de que ele proveio de outro, o que nos obriga a escrevê-lo de determinada maneira, e não de outra. É preciso paciência. Só aprende a escrever adequadamente quem treina sistematicamente. Portanto, leitor, mãos à obra!

    Fonte

    Até as 22h ou até às 22h?

    "O resultado das eleições será conhecido até as 22h".

    A maioria dos estudantes, ao escrever uma frase parecida com a apresentada no título, ficaria em dúvida quando a colocar ou não o acento grave indicador de crase em "as 22h". Acredito que colocariam o acento. E você, caro internauta, colocaria o acento grave ou não?

    Vamos à explicação: o vocábulo crase provém do grego krâsis, cujo significado é ação de misturar, mistura de elementos que se combinam num todo. Para nós, lusófonos, é a contração da preposição a com os artigos definidos a, as ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo:

  • a + a = à
  • a + as = às
  • a + aquele = àquele
  • a + aqueles = àqueles
  • a + aquela = àquela
  • a + aquelas = àquelas
  • a + aquilo = àquilo


  • Vejamos alguns exemplos:

    1. "Nunca obedeci àquele homem, pois não o respeito" (quem obedece, obedece a alguém);
    2. "Assisti à peça teatral escrita por Mário Bortoloto" (quem assiste, no sentido de ver, assiste a algo);
    3. "Não aspiro àquela vaga, mas à que foi ocupada por Oriolando" (quem aspira, no sentido de desejar muito, aspira a algo);
    4. "Cheguei ao cinema às 19h50" (chegar, ao indicar hora exata, exige a preposição a).

    Ocorre, porém, que, em muitas situações, outra preposição é usada, e não o a. Quando isso ocorrer, não haverá o acento indicador de crase, em virtude da falta da preposição a. Vejamos alguns exemplos:

    1. "Cheguei após as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição após;
    2. "Estou aqui desde as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição desde.

    Há, porém, uma preposição que admite a preposição a ao seu lado: é a preposição até. Vejamos alguns exemplos:

    1. "Ontem, fomos até o parque caminhar" (ou até ao parque);
    2. "Dormi até o meio-dia" (ou até ao meio-dia).

    Tal combinação não é obrigatória; é, aliás, desnecessária. A combinação de até com a acontece com o objetivo de evitar ambigüidade, ou seja, evitar duplo sentido na frase, pois o vocábulo até, além de ser preposição, também pode ser advérbio com o sentido de inclusive. Às vezes, não há como saber qual dos dois foi usado.

    Veja o seguinte exemplo:
    "A enchente inundou o bairro todo, até a igreja"
    Não dá para saber o sentido exato da frase. Há duas situações:
    - A enchente inundou o bairro todo, mas não a igreja: chegou até ela e parou;
    - A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja.

    Se a primeira opção for a verdadeira, até é preposição; se for a segunda, advérbio. Caso a verdadeira seja a primeira opção, recomenda-se o uso da preposição a em combinação com até, evitando, assim, o duplo sentido: "A enchente inundou o bairro todo, até à igreja".

    Caso a verdadeira seja a segunda opção, recomenda-se o uso de inclusive: "A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja".

    A frase apresentada no início do texto não apresenta ambigüidade. Pode-se, portanto, usar o acento indicador de crase, mas não há necessidade dele.

    Fonte

    Verbo, substantivo e casos de ambigüidade

    "Papa pede reconciliação de fé e política"

    Segundo a agência de notícias Folhapress, o Papa Bento XVI disse, na França, quando discursou ao lado do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que a religião e a política devem estar abertas uma para outra. Para o Papa, é necessário se tornar mais ciente do papel insubstituível da religião na formação de consciências e na criação de um consenso ético básico dentro da sociedade.

    Há, porém, na França, uma estrita separação entre a Igreja e o Estado, por isso o pedido de reconciliação. O nosso assunto, no entanto, não é religião nem política, e sim gramática portuguesa. O mote deste texto é o título do artigo: "Papa pede reconciliação de fé e política", que contém o substantivo reconciliação, cujo significado é ato de reconciliar(-se), que, por sua vez, significa estabelecer a paz entre duas partes, fazer as pazes, congraçar(-se), harmonizar(-se), conciliar(-se). O uso de (-se) indica que o verbo pode ser pronominal: reconciliar ou reconciliar-se.

    Quando li o título, senti certo estranhamento, mas entendi o que o autor quis transmitir: o Papa pediu que voltasse a haver, na França, harmonia entre a Igreja e o Estado. A comunicação foi efetivada, portanto, satisfatoriamente. Por que, então, o estranhamento? Explico: eu, professor de gramática da língua portuguesa (ou fiscal da gramática, como já me chamaram no blog coletivo Tipos), sempre estou atento aos mínimos detalhes gramaticais de tudo o que leio.

    Notei que a conjunção poderia causar duplo sentido à oração, pois o Papa poderia ter pedido duas coisas: "reconciliação de fé" e "política". Na frase apresentada, reconheço que foi absurdo pensar isso, mas em outras construções com o mesmo verbo e com o mesmo substantivo, a ambigüidade pode de fato ocorrer. Por isso, deve-se usar com muita atenção tal conjunção.

    Li mais atentamente o título, analisei sintaticamente o período e constatei que o problema residia no substantivo reconciliação. Vamos analisá-lo com mais profundidade. Antes, porém, quero esclarecer que a minha intenção não é corrigir o autor da frase, mas alertar o leitor quanto ao uso da variedade lingüística adotada como norma institucionalizada, principalmente aqueles que se submeterão a algum concurso que exija o uso da língua padrão.

    Vamos lá, então: segundo o Dicionário Prático de Regência Nominal, de Celso Pedro Luft, da Editora Ática, o substantivo abstrato reconciliação admite o uso das seguintes preposições:

    1. de (ou entre): estabelecer a reconciliação de pessoas, umas com as outras ou entre si. Nesse caso, o substantivo regido pela preposição de tem de estar no plural: Por exemplo: "os ministros entraram em desavença. É responsabilidade do Presidente estabelecer a reconciliação deles (ou entre eles)".

    2. com: estabelecer a reconciliação com alguém. Por exemplo: "a Bolívia entrou em conflito com os Estados Unidos. Seria inteligente que os bolivianos procurassem estabelecer a reconciliação com os estado-unidenses". Estado-unidense é o adjetivo relativo aos Estados Unidos, segundo o dicionário Houaiss. O Aurélio registra o adjetivo estadunidense.

    3. entre ... e: estabelecer a reconciliação entre uma coisa e outra (ou entre uma pessoa e outra). Por exemplo: "é preciso estabelecer a reconciliação entre os bolivianos e os estadunidenses".

    4. de ... com: estabelecer a reconciliação de uma coisa com outra (ou de uma pessoa com outra). Por exemplo: "o Presidente Lula tentará estabelecer a reconciliação dos bolivianos com os norte-americanos".

    A frase usada como título do artigo "Papa pede reconciliação de fé e política" está, portanto, inadequada à língua padrão. Se o autor da frase quisesse usar o substantivo reconciliação segundo a variedade lingüística adotada como norma institucionalizada, deveria optar por "entre ... e" ou por "de ... com", e não por "de ... e":

  • Papa pede reconciliação de fé com política.
  • Papa pede reconciliação entre fé e política.
  • Fonte

    Discreto ou discretamente?

    "Discreto, Ronaldo completa 32 anos"

    Errada gramaticalmente essa frase não está, mas contém uma informação incorreta. Vamos à explicação: adjetivo é uma palavra que, segundo o dicionário Aurélio, modifica substantivo, indicando a este qualidade (homem contente), caráter (homem mortal), modo de ser (homem discreto) ou estado (homem doente).

    Já advérbio, ainda segundo o Aurélio, é uma palavra invariável que modifica um verbo (agir discretamente), um adjetivo (muito contente) ou outro advérbio (muito bem), exprimindo circunstância de tempo, lugar, modo, dúvida, afirmação, negação ou intensidade.

    A frase em questão apresenta o adjetivo discreto, cujo significado é reservado em suas palavras e atos; prudente; recatado, modesto. O simples fato de essa frase ser notícia demonstra que Ronaldo não possui a qualidade de discreto. Nem que ele o queira ser!

    A propósito, observe que nem precisei especificar quem é o Ronaldo sobre o qual estou escrevendo. Todos sabem de quem se trata. Se fosse o outro, escreveria Ronaldinho. Discreto, portanto, ele não é. Aliás, ambos não o são (isso não é uma crítica a nenhum deles; apenas uma constatação semântica).

    Posto isso, conclui-se que a frase apresentada não deveria conter o adjetivo discreto. Deveria, sim, conter um advérbio, pois não é Ronaldo que é discreto, e sim o modo como ele comemorou seu aniversário: discretamente. A palavra usada, portanto, teria de ser um advérbio, que modificaria o verbo comemorar. Poderia ser discretamente ou reservadamente.

  • Discretamente, Ronaldo completa 32 anos.
  • Reservadamente, Ronaldo completa 32 anos.


  • Há, porém, alguns casos - raros - em que se pode usar um adjetivo no lugar de um advérbio, sem que este perca a sua qualidade de advérbio. Quando isso ocorrer, dizemos que houve derivação imprópria (mudança de classe gramatical), e a palavra em questão fica invariável.

    É o que acontece na propaganda de uma cerveja bastante conhecida pelos brasileiros, em que se registra a seguinte frase: "A cerveja que desce redondo". Não é a cerveja que é redonda, e sim o modo como ela desce, por isso não há a concordância entre cerveja e redondo, ou seja, por isso redondo não está no feminino; é um advérbio; não um adjetivo.

    Outro exemplo: "As aves voavam baixo". Não são as aves baixas, mas sim o modo como voavam. É advérbio; não adjetivo.

    Observe, então, que, muitas vezes, uma frase carrega um significado não pretendido por seu autor. Não há problema algum quando isso ocorre em um texto informal ou mesmo num jornal ou na Internet, como foi o caso comentado, mas passa a ser problema quando há a necessidade de elaborar um texto oficial ou uma redação em algum concurso ou mesmo uma redação para conseguir um emprego.

    Fonte

    "Premiê quer descriminar a posse e o cultivo de maconha"

    Um internauta interessado no estudo da língua portuguesa enviou-me um e-mail, perguntando se a frase não deveria ser estruturada com o verbo "discriminar" no lugar de "descriminar".

    A resposta é não, já que "discriminar" significa "perceber diferenças, distinguir, discernir", como em "Ele não consegue discriminar o certo do errado".

    O verbo "descriminar" tem o mesmo sentido de "descriminalizar", ou seja, "isentar de culpa, absolver, tornar evidente a ausência de crime ou contravenção", como em "O advogado não conseguiu descriminar seu cliente".

    Denominamos as palavras que são muito parecidas na escrita de parônimas. Deve-se tomar muito cuidado ao escrever essas palavras para não se cometer inadequação. Veja mais alguns exemplos de palavras parônimas:

    arrear = pôr arreios

    arriar = abaixar

    amoral = indiferente à moral

    imoral = contra a moral, libertino, devasso

    comprimento = extensão

    cumprimento = saudação

    conjetura = suposição, hipótese

    conjuntura = situação, circunstância

    deferir = conceder

    diferir = adiar

    descrição = representação

    discrição = ato de ser discreto

    despensa = compartimento

    dispensa = desobrigação

    despercebido = sem atenção, desatento

    desapercebido = desprevenido

    discente = relativo a alunos

    docente = relativo a professores

    emergir = vir à tona

    imergir = mergulhar

    emigrante = o que sai

    imigrante = o que entra

    eminente = nobre, alto, excelente

    iminente = prestes a acontecer

    infligir = aplicar pena ou castigo

    infringir = transgredir, violar, desrespeitar

    intemerato = puro, íntegro, incorrupto

    intimorato = destemido, valente, corajoso

    ratificar = confirmar

    retificar = corrigir

    soar = produzir som

    suar = transpirar

    sortir = abastecer

    surtir = originar

    sustar = suspender

    suster = sustentar

    vultoso = volumoso

    vultuoso = atacado de vultuosidade (congestão na face)

    Fonte