Sim, o apêndice tem uma função

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Se você pensa que o apêndice não serve para nada e só causa problemas - já que pode inflamar e acabar mandando você para um centro cirúrgico -, é melhor começar a mudar de idéia. Em setembro de 2007, um grupo de cirurgiões e imunologistas da Universidade de Duke, nosEstados Unidos, publicou um trabalho que mostra o contrário: o apêndice tem uma função, sim: ele promove o crescimento populacional de bactériasbenéficas para o nosso organismo e facilita o repovoamento dessas bactérias no cólon.

O apêndice humano

O apêndice faz parte do sistema digestivo e está localizado logo no início do intestino grosso, conectado ao ceco (um divertículo natural com que se inicia o intestino grosso, e onde se abrem o íleo, o cólon e o apêndice). O apêndice é uma estrutura tubular fechada na extremidade posterior e mede cerca de 5 a 10 cm de comprimento e 0,5 a 1 cm de largura. Na maioria das pessoas, o apêndice encontra-se no quadrante inferior direito do abdome.

Teorias que explicam a função do apêndice humano

Apesar das evidências contrárias, baseadas em estudos de anatomia comparada em primatas, o apêndice foi considerado por muito tempo como uma estrutura vestigial, isto é, uma estrutura que, ao longo da evolução, perdeu sua função original.

Hoje em dia existem algumas teorias que explicam a função do apêndice humano. Uma delas argumenta que o apêndice humano auxilia o sistema imunológico. Ao examinarem microscopicamente o apêndice, os pesquisadores encontraram uma quantidade significativa de tecido linfóide, um tecido que apresenta uma quantidade abundante de linfócitos - tipo de glóbulo branco responsável por defender o corpo contra microorganismos. O tecido linfóide está presente também em outras áreas do sistema digestivo. A função desse tecido ainda não é muito precisa, mas está claro que ele reconhece substâncias estranhas presentes nos alimentos ingeridos.

Em setembro de 2007, o grupo liderado pelo dr. William Parker, da Universidade de Duke, nos EUA, publicou uma nova teoria. Segundo o dr. Parker e seus colaboradores, o apêndice funciona como um "lugar seguro" para bactérias que auxiliam na digestão. De acordo com os pesquisadores, as bactérias vivem no apêndice sem serem perturbadas, até que sejam necessárias nos locais onde ocorrem os processos de digestão. De acordo com o dr. Parker, a forma do apêndice é perfeita para armazenar as bactérias benéficas. Ele possui um fundo cego e uma abertura estreita, impedindo assim o influxo dos conteúdos intestinais.

O sistema digestivo é povoado por diferentes microorganismos que auxiliam na digestão dos alimentos. Em troca, os micróbios recebem nutrição e um lugar seguro para viver. O dr. Parker acredita que as células do sistema imunológico encontradas no apêndice estão lá para proteger, e não para atacar, as bactérias benéficas.

O papel do apêndice no repovoamento da flora intestinal

Doenças como disenteria ou cólera contaminam o intestino. A única saída é se livrar dos micróbios maus. É aí que a diarréia ocorre. Em casos de diarréia severa, não só os micróbios maus são perdidos, mas tudo o que se encontra no interior do intestino, inclusive o que é conhecido como biofilme (uma camada fina e delicada, constituída de micróbios, muco e moléculas do sistema imunológico).

Quando ocorre perda do conteúdo intestinal, as bactérias benéficas escondidas no apêndice emergem e repovoam a camada de biofilme do intestino, antes que bactérias maléficas se instalem.

Segundo o dr. Parker, pessoas que, porventura, tiveram seu apêndice extraído e vivem em locais onde as incidências de doenças como cólera e disenteria são altas, têm menos chances de sobreviver, pois não têm mais um lugar seguro para armazenar as bactérias benéficas.

Deve-se evitar a retirada do apêndice?

Apesar da importante função proposta pela equipe de cientistas da Universidade de Duke, não se deve esquecer que o apêndice tem o seu lado vilão. Ao sofrer inflamação, ele pode levar à obstrução dos intestinos, causando a apendicite aguda, que pode levar à morte.

Portanto, nesse caso, ele deve, sim, ser retirado. Mas não se preocupe, pois as infecções severas, por cólera ou disenteria, são raras em nações ou regiões industrializadas. As pessoas que habitam esses locais podem viver normalmente sem o apêndice.
* Cynthia Santos é doutora em Ciências e pesquisadora do Smithsonian Institution (EUA).

MEC divulga as habilidades que serão avaliadas no novo Enem

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O MEC (Ministério da Educação) divulgou nesta quinta-feira (14) a matriz de habilidades do novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O documento, que é um guia para orientar a elaboração dos itens da prova, foi aprovado durante esta manhã pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e na nesta quarta (13), pelos reitores das universidades federais.


A matriz está organizada nas quatro áreas que comporão o exame: linguagem, ciências da natureza, ciências humanas e matemática. Assim, a nova prova do Enem, que será aplicada em outubro, cobrará os mesmos conteúdos pedidos pelos atuais vestibulares, mas o formato da prova será diferente.

Agora, os estudantes terão de usar mais a capacidade de raciocínio e compreensão do que de memorização. A expectativa é de que a nova concepção do Enem ajude a reestruturar o currículo do ensino médio.

Prova obrigatória em 2010

O MEC e o Consed informaram que o novo Enem deverá ser obrigatório a partir de 2010 para os alunos da rede pública.

Para implementar a universalização do novo Enem será necessário um estudo de logística para garantir o acesso dos alunos aos locais de prova em todo o território nacional.

Segundo o ministro, ao contrário da Prova Brasil - que também será realizada este ano -, o novo Enem não pode ser aplicado em sala de aula. "Mais do que a aferição do conhecimento do aluno, a prova pode representar o acesso dele à universidade, o que exige cuidados maiores com a segurança", explicou.

O Consed entende que o novo formato da prova vai permitir a reestruturação do ensino médio e que, com isso, o currículo dessa etapa do ensino passará a orientar os processos seletivos de acesso à educação superior, não o contrário, como ocorre hoje.

Para Maria Auxiliadora, o novo formato do exame provoca debates nos Estados e a aproximação entre os secretários de educação e reitores.

Enem duas vezes ao ano

De acordo com o ministro, o comitê de governança estuda a aplicação do novo Enem duas vezes ao ano, medida que já era prevista quando foi lançado o formato para 2009.

"Pelo calendário das universidades, nós não teremos como fazer antes de março nem depois de abril, então há de ser provavelmente num desses dois meses", disse Haddad.

"Simulado"

O ministro confirmou a elaboração de um modelo de prova do novo Enem, que será divulgado antes da data do exame (dias 3 e 4 de outubro). Segundo Haddad, serão questões que exemplificam as habilidades e competências exigidas. O número de perguntas disponibilizadas não está definido. Mas não serão "necessariamente 200 como na prova", disse Haddad.

Todas as questões do Enem devem atender a dois pressupostos. Em primeiro lugar, devem respeitar a matriz de habilidades, definida pelo comitê de governança e, depois, têm de passar no pré-teste, demonstrando que sua dificuldade consegue ser reproduzida nos anos seguintes.

Para compor uma prova de 200 questões, como será o novo Enem, Haddad estima que serão necessários centenas - ou mesmo milhares - de itens pré-testados.

Esses itens vão permitir ao Inep elaborar nos anos seguintes questões que possibilitem acompanhar a evolução do nível do ensino médio, como se faz atualmente com a Prova Brasil.

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Saiba tudo sobre o Prouni

O Prouni (Programa Universidade para Todos) é uma das principais ações do governo federal na área da educação.

O programa é gerido pelo Ministério da Educação (MEC) em duas pontas: os estudantes e as instituições de ensino superior (IES). Os links abaixo dão acesso às informações oficiais do Prouni.

O que o estudante deve saber
O que o bolsista deve saber
O que é a bolsa permanência
Legislação completa
Estatísticas


Todas as informações contidas nas páginas relacionadas acima são de responsabilidade do MEC.

MEC e Receita Federal assinam acordo para criar "malha fina" do Prouni

Os ministros Fernando Haddad (Educação) e Guido Mantega (Fazenda) assinaram, nesta terça (12), um acordo de cooperação entre o MEC e a Receita Federal para criar a "malha fina" do Prouni.

Segundo o documento, os dois ministérios vão trocar informações das instituições de ensino superior e dos estudantes participantes do Prouni, visando o "aperfeiçoamento dos mecanismos de supervisão do Prouni (Programa Universidade para Todos), o intercâmbio de informações e o fortalecimento do PNEF (Programa Nacional de Educação Fiscal)".

A troca de informações propriamente dita só será realizada após a Sesu (Secretaria de Educação Superior, do MEC) e a Receita Federal definirem os detalhes da operacionalização do sistema.

O acordo terá vigência de três anos, podendo ser prorrogado.

Irregularidades no Prouni

Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 23 de abril, apontou irregularidades envolvendo quase 31 mil bolsistas, ou 8% do total de beneficiados. As irregularidades incluem casos de bolsistas que são donos de carros de luxo.

No mesmo dia, o ministro Fernando Haddad afirmou que acionaria a Receita Federal para fiscalizar as instituições e os bolsistas. "Nós entendemos a preocupação do TCU em criar procedimentos que permitam uma fiscalização mais eficiente do programa. E, como a Receita Federal tem uma malha fina, o ProuUni também terá de ter sua malha fina", afirmou o ministro.

O que é o Prouni

O Prouni é um programa do governo federal que oferece bolsas universitárias. Tem direito a concorrer ao benefício quem fez todo o ensino médio em escola pública, prestou o Enem 2008 e teve, no mínimo, média 45.

Para o primeiro semestre de 2009 foram oferecidas 156.416 bolsas, sendo 95.694 integrais e 60.722 parciais (50% da mensalidade).

As bolsas integrais são para estudantes com renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio; as parciais, para quem tem renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos.

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Enem será obrigatório para estudantes da rede pública a partir de 2010

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) passará a ser obrigatório a todos os alunos do ensino médio público a partir de 2010. A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (14), em reunião do MEC (Ministério da Educação) com o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). De acordo com o MEC, a prova poderá servir para certificar os cursos.

A proposta de estender o exame a todos os estudantes foi debatida e será levada aos secretários de Educação dos Estados.

Para implementar a universalização do novo Enem será necessário um estudo de logística para garantir o acesso dos alunos aos locais de prova em todo o território nacional.

Segundo o ministro, ao contrário da Prova Brasil - que também será realizada este ano -, o novo Enem não pode ser aplicado em sala de aula. "Mais do que a aferição do conhecimento do aluno, a prova pode representar o acesso dele à universidade, o que exige cuidados maiores com a segurança", explicou.

O Consed entende que o novo formato da prova vai permitir a reestruturação do ensino médio e que, com isso, o currículo dessa etapa do ensino passará a orientar os processos seletivos de acesso à educação superior, não o contrário, como ocorre hoje.

Para Maria Auxiliadora, o novo formato do exame provoca debates nos Estados e a aproximação entre os secretários de educação e reitores.

Matriz curricular

A matriz de referência para as questões que farão parte do novo Enem foi aprovada por unanimidade nesta quarta-feira (13). O princípio fundamental é que não serão cobrados detalhes muito específicos ou fórmulas. "É inadmissível cobrar uma data na prova. O que interessa saber é se o aluno consegue compreender o que se passa na história", disse o ministro da Educação Fernando Haddad.

"Se o aluno sabe do que se trata, mas esqueceu a fórmula, vai conseguir, por outros meios, chegar às respostas certas, porque compreende o fenômeno em questão", disse.

As habilidades da prova serão divulgadas na tarde desta quinta-feira (14). O conteúdo da prova é o mesmo do ensinado no ensino médio. No entanto, no exame deste ano, não será cobrada língua estrangeira. A partir de 2010, o Enem terá questões de inglês ou espanhol. Segundo Haddad, é preciso ter cuidado para que as provas de idiomas tenham o mesmo nível, evitando, assim, "injustiças" no processo.

Enem duas vezes ao ano

De acordo com o ministro, o comitê de governança estuda a aplicação do novo Enem duas vezes ao ano, medida que já era prevista quando foi lançado o formato para 2009.

"Pelo calendário das universidades, nós não teremos como fazer antes de março nem depois de abril, então há de ser provavelmente num desses dois meses", disse Haddad.

"Simulado"

O ministro confirmou a elaboração de um modelo de prova do novo Enem, que será divulgado antes da data do exame (dias 3 e 4 de outubro). Segundo Haddad, serão questões que exemplificam as habilidades e competências exigidas. O número de perguntas disponibilizadas não está definido. Mas não serão "necessariamente 200 como na prova", disse Haddad.

Todas as questões do Enem devem atender a dois pressupostos. Em primeiro lugar, devem respeitar a matriz de habilidades, definida pelo comitê de governança e, depois, têm de passar no pré-teste, demonstrando que sua dificuldade consegue ser reproduzida nos anos seguintes.

Para compor uma prova de 200 questões, como será o novo Enem, Haddad estima que serão necessários centenas - ou mesmo milhares - de itens pré-testados.

Esses itens vão permitir ao Inep elaborar nos anos seguintes questões que possibilitem acompanhar a evolução do nível do ensino médio, como se faz atualmente com a Prova Brasil.

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Reservas de petróleo em águas profundas

terça-feira, 12 de maio de 2009

A Petrobrás iniciou no último dia 1º de maio, Dia do Trabalho, a exploração de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos, que abriga as maiores jazidas na camada pré-sal. O empreendimento vai colocar o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais e o tornará uma das grandes potências energéticas, comparável ao Oriente Médio.

A descoberta, anunciada em 2007, é vista pelo governo como a salvação para os problemas econômicos do país. Porém, as dificuldades para extração do minério - situado a uma profundidade que a companhia jamais atingiu - e a falta de estratégias mais bem definidas para a exploração, representam barreiras a serem superadas para que o sonho se torne realidade.

É como se tivéssemos nas mãos um bilhete premiado de loteria. Se não soubermos como administrar a riqueza, ele se evapora de nossas mãos.

Riquezas

Pouco se sabe ainda sobre as reservas localizadas em águas ultraprofundas do litoral brasileiro. Por isso, a companhia começou fazendo o chamado TLD (Teste de Longa Duração). Ele consiste no levantamento de informações para definir a quantidade de petróleo existente e qual o melhor modelo de exploração. Esta etapa levará 1 ano e 3 meses para ser concluída.

Ao todo, os campos de pré-sal possuem 800 km de extensão e 200 km de largura, indo desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo. Segundo a Petrobrás, Tupi, que possui a maior reserva, deve ter entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo. O volume corresponde a quase metade das reservas brasileiras, de14 bilhões de barris.

A plataforma na Bacia de Santos tem capacidade de produzir 14 mil barris de petróleo por dia e, no próximo ano, atingir 100 mil barris/dia, de acordo com a empresa. Para 2017, estima-se que o número chegue a 1 milhão, que é quando finalmente dará o retorno financeiro. A empresa anunciou investimentos de US$ 28,9 bilhões (R$ 62 bi) até 2013.

Tecnologia

Mas para chegar até as jazidas não será nada fácil. Será preciso descer a uma profundidade de 2 km, perfurar 1 km de rocha e mais 2 km de espessura de sal e 2 km de solo, totalizando 7 km desde a superfície.

E, além disso, serão necessários dutos para transportar o petróleo, localizado a uma distância de 340 km da costa litorânea. Para se ter uma ideia, a distância é três vezes maior que a que separa as plataformas da Bacia de Campos do litoral carioca.

O país possui tecnologia, o problema são os custos elevados. O desafio é conseguir refinar o produto e, ao mesmo tempo, garantir um valor competitivo com o mercado. Este custo de exploração envolve não somente a tecnologia de extração como também a logística para o transporte. Se o processo todo ficar muito caro, o produto também ficará caro e ninguém vai querer comprar.

O risco em jogo é saber exatamente se o volume de petróleo existente na camada pré-sal vai compensar o investimento, e quanto vai custar o barril do petróleo daqui a 10 anos, quando serão colhidos os frutos.

O valor do barril varia conforme a demanda e a oferta, mas fatores como a crise econômica mundial e os conflitos no Oriente Médio também influenciam no preço. Hoje, ele é negociado a US$ 53 (R$ 113). Para a empresa, o ideal será chegar a US$ 40 (R$ 85).

Investimento

Atualmente, o Brasil exporta petróleo do tipo pesado, que tem valor mais baixo no mercado, e importa o tipo leve, mais caro. Isso provoca um déficit nas receitas: em 2008, o país exportou 158,1 milhões de barris (ganho de US$ 13,6 bilhões [R$ 29,2 bi]) e importou 147,9 milhões de barris (gasto de US$ 16,3 bilhões [R$ 35 bi]), de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

As reservas da camada pré-sal são, principalmente, de hidrocarbonetos leves (óleo e gás), o que vai reduzir as importações do produto e aumentar os ganhos com a exportação. É por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no último dia 4 de maio, que o Brasil vai conquistar sua "segunda independência": a primeira, de 1822, foi política, enquanto essa será econômica.

Política

Além das questões financeiras envolvidas, existe uma decisão a ser adotada com urgência, que diz respeito à definição de um novo marco regulatório. Ele é importante porque vai dizer como investir e administrar o "prêmio" da loteria da natureza. A nova regulamentação vai dizer quem vai poder explorar os campos, quais serão os ganhos dos governos (Federal e Estadual) e para que áreas os recursos serão destinados (educação, por exemplo). Enfim, como será a partilha do bolo.

A decisão é fundamental porque um planejamento mal feito pode transformar o sonho num pesadelo. Um exemplo é o que os economistas chamam de "doença holandesa", que é quando a exploração de riquezas naturais afeta outros setores da indústria.

O conceito surgiu nos anos de 1970. Na época, a descoberta de uma fonte de gás natural na Holanda aumentou as receitas com exportação e valorizou a moeda nacional. Com isso, outros produtos perderam competitividade no mercado internacional e as indústrias quebraram.

Nações ricas em petróleo, como países da África e Oriente Médio, tem um histórico de mazelas sociais, guerras e instabilidade política. O bilhete de loteria também pode se tornar uma maldição. Por isso, tão importante quanto extrair da riqueza é saber o que fazer com ela para manter o crescimento a longo prazo.

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Mundo enfrenta risco de uma nova pandemia

A gripe suína, que já matou sete pessoas no México (de um total de 152 mortes suspeitas), uma nos Estados Unidos e pode ter infectado quase 2 mil em mais 11 países, deixou em alerta as autoridades para os riscos de uma nova pandemia. No Brasil, 20 pessoas com sintomas e que estiveram nos países com casos confirmados da doença estão sendo monitoradas.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), que monitora em todo mundo o vírus influenza, causador da gripe, deve elevar o alerta que hoje é nível 4 (numa escala que vai até 6), o que significa que a pandemia é iminente.

Pandemia

Pandemia ocorre quando há uma contaminação global por uma doença. No caso de uma gripe, acontece quando surge um novo tipo de vírus, frente ao qual o homem não possui defesas imunológicas e nem existem vacinas específicas para combater a doença. Por esse motivo, pode causar milhares de mortes.

As pandemias de gripe são provocadas por uma mutação aleatória de vírus existentes nos organismos de animais selvagens ou domesticados, que passam também a infectar seres humanos. No organismo humano, o vírus sofre nova mutação, o que o torna letal.

No caso de uma gripe comum, a receita mais famosa é "vitamina C e cama", ou seja, é preciso repousar e fortalecer as defesas do organismo para que ele dê conta do "invasor" (com exceção dos idosos, recém-nascidos e portadores de doenças que enfraquecem o sistema imunológico).

Já com a gripe suína, cujo vírus é uma combinação de genes de porcos, aves e humanos, o corpo não tem defesas, pelo fato de desconhecer o "inimigo".

Como esse tipo de gripe se transmite de pessoa para pessoa, do mesmo modo de uma gripe comum (pelo contato com secreções de pacientes infectados), e o tempo de incubação é curto, a doença se espalha rapidamente.

Gripe espanhola

Embora ocorram com certa regularidade na história, os cientistas só passaram a conhecer melhor as pandemias de gripe a partir das três registradas no século 20, em 1918, 1957 e 1968.

Essas gripes, apesar dos sintomas parecidos, não devem ser confundidas com aquelas que pegamos no inverno, conhecidas como sazonais. O vírus influenza é classificado em três tipos: A, B e C. A gripe comum é de tipo C, e as de tipo A são as mais perigosas, que provocam pandemias.

Existem quatro subtipos de influenza A conhecidos que provocam contágio entre humanos e estão em constante mutação: H1NI, H1N2, H3N2 e H7N2.

Não faz parte desse grupo, por exemplo, a chamada gripe aviária (H5N1), que contamina aves domésticas (frangos, patos, galinhas), cujo contágio se dá apenas com o contato com secreções do animal infectado e não entre pessoas, como a suína. Mesmo assim, desde 2003 matou 257 de 421 pessoas infectadas (61%), segundo a OMS.

A gripe suína atual é uma nova cepa (grupo de organismos dentro de uma espécie) do tipo H1N1. Esse vírus, bem como todos os demais subtipos A, são descendentes da pior de todas as pandemias registradas: a "gripe espanhola", que entre 1918 e 1919 matou 50 milhões de pessoas no mundo e contaminou um terço da população mundial (500 milhões), que era um quarto da atual.

Na época não havia nem antigripais nem antibióticos, o que contribuiu para o grande número de mortos. Em comparação, a pandemia de 1957-1958 deixou entre 1 e 2 milhões de mortos e a última, entre 1968-1969, considerada leve, 700 mil.

Ainda hoje, os cientistas sabem pouco sobre a "mãe" das pandemias. Somente em 1930 foi isolado o primeiro vírus da "gripe espanhola", justamente a suína (H1N1). A "gripe asiática" de 1957 é do tipo H1N2, descendente da suína.

Economia

O que vai determinar se a nova cepa de gripe suína vai se tornar a próxima pandemia, segundo especialistas, é: a) o quão adaptado (e mortal) o vírus pode se tornar no organismo humano e b) se continuar acontecendo a transmissão de pessoa para pessoa.

As pandemias passam por ondas que podem durar de seis a oito semanas. Na "gripe espanhola", por exemplo, a primeira onda foi mais branda e a segunda, mais letal. Pelo comportamento da epidemia atual, cujos casos fatais se restringem ao México e um bebê morto nos Estados Unidos, espera-se que a nova pandemia, caso se confirme, será considerada leve, isto é, com baixa mortalidade.

Além do risco de mortes, a doença também traz prejuízos à economia, o que pode vir a agravar ainda mais a crise econômica global.

No México, onde as primeiras mortes foram confirmadas em 24 de abril, escolas e comércio foram fechados e todos os eventos públicos cancelados, na tentativa de conter o avanço da doença.

Outros países emitiram alertas contra viagens com destino a países afetados pela gripe, como no caso do Brasil, ou adotaram medidas restritivas, como nos casos da Argentina e Cuba, afetando o turismo internacional.

A indústria de produtos suínos também contabiliza perdas, apesar do Ministério da Saúde ter descartado qualquer possibilidade de contaminação pelo consumo de carne (cujo cozimento mata qualquer tipo de vírus) ou de produtos que contenham carne suína. Em outras palavras, não se pega a doença comendo feijoada, torresmo ou cachorro-quente.

O que fazer

Os antivirais Tamiflu e Relenza são eficazes quando administrados em até 48 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas e previnem no caso de pessoas mais expostas ao risco de contágio. Mas o uso indiscriminado pode causar efeito contrário, fortalecendo o vírus.

Não se sabe ao certo se vacinas existentes terão algum efeito, em razão das mutações do vírus, nem sobre possíveis efeitos colaterais. Uma vacina específica contra a gripe suína levará meses para ser feita, conforme informou o governo norte-americano.

Como prevenção, autoridades sanitárias recomendam lavar as mãos - para evitar contato indireto com a doença -, além do uso de máscaras em regiões mais afetadas pela gripe.

O Brasil possui um Plano de Contingência (Plano de Preparação Brasileiro para o Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza) que prevê estoque de antivirais, produção de vacina, controle de fronteiras e reforço de redes assistenciais. Entretanto, diante das condições precárias de boa parte dos serviços públicos de saúde, é duvidoso que tenha capacidade de atender uma demanda urgente.

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